Desde que mudamos o escritório para a Rua Jorge Pedro Abelin, paralelo à Avenida Fernando Ferrari, tenho frequentado mais a Avenida, até porque eu moro a cerca de 300 metros, ao outro lado da Fernando Ferrari, e a percorro a pé diariamente. Como caminhar é um ótimo exercício para o pensar, fiz reflexões sobre o potencial da avenida.
A Avenida Fernando Ferrari é uma via que liga a BR 158 até a Rua do Acampamento, um dos pontos centrais da cidade. Ela possui um fluxo de veículos constante, e além disso concentra equipamentos atratores de público, como o hipermercado BIG, restaurantes e bares, uma série de farmácias, fruteira, entre outras atividades comerciais e de serviço. Essas atividades se aproveitam da visibilidade que o fluxo de veículos, seja carro ou ônibus, proporcionam. Além do público dos veículos, o entorno dela é o Bairro Nossa Senhora de Lourdes, que já tem uma ocupação consolidada e está em expansão habitacional, pois existem várias obras de prédios saindo no bairro. A tão almejada mescla de usos está presente na Av. Fernando Ferrari, e isso tudo desenha um cenário que pode fazer da Avenida um marco na cidade, porém ela não é tudo isso ainda não.
Parece que os pontos bons dela, seja de comércio, restaurante ou edifícios, são as esquinas, nas quais a edificação tem o apoio da rua lateral, seja para estacionamento ou para acesso. Os maiores edifícios da Avenida têm seus acessos pelas vias laterais, além disso, a atividade comercial e a necessidade de estacionamento faz com que os rebaixos de meio-fio e espaços de estacionamento sejam dominantes. De certa forma, parece necessário que a atividade ou o edifício esteja longe da avenida, seja pelo acesso lateral, ou pelo amplo recuo para tirar proveito da avenida.



Mas e o que podemos fazer?
Arborização
Apesar de ter todos os atrativos de uso, e uma calçada constante de 3 metros, a Avenida ainda não é um convite para o pedestre. A subida que tem no final dela (junto à Av. Medianeira) não ajuda, mas vamos combinar que o município e o bairro tampouco colaboram. A Avenida possui posteamento no eixo, no canteiro central, e isso transformaria ela em um cenário perfeito para ter arborização abundante no passeio público, porém dá para contar nos dedos as árvores que fazem alguma sombra na avenida. Isso, se revertido, criaria um cenário muito mais agradável para circular, seja de carro ou a pé. Já falamos sobre como devemos usar os canteiros no passeio público para arborizar a cidade.



Travessia de pedestres adequadas
Santa Maria tem um grave problema com faixa de pedestre, parece que só se coloca quando não atrapalha o trânsito. E a Avenida Fernando Ferrari é um exemplo disso, que em toda sua extensão deve ter apenas duas faixas de pedestres. A alta velocidade dos veículos, que inclusive curtem acelerar ali, poderia ser “quebrada” com faixas de pedestres elevadas, que podem criar pontes que conectam as duas calçadas, criando uma unidade entre as calçadas dos dois lados da Avenida, o que daria mais conforto ao pedestre que aguarda hoje no estreito canteiro. Isso provavelmente diminuiria a chance de acidentes, pois obrigaria os veículos a reduzir a velocidade, tanto na descida quanto na subida. Essas faixas elevadas poderiam facilitar o acesso à pracinha triangular em frente ao Monet, por exemplo, que hoje é apenas uma ilha em meio aos carros.



Iluminação pública
A iluminação central na avenida é direcionada à via e aos veículos, que já possuem capacidade de iluminar o caminho. Com isso, o passeio público fica muito escuro, não trazendo segurança nenhuma para o transeunte. Poderíamos ter uma iluminação menor, mais direcionada ao pedestre nos passeios públicos, ou então implementar um plano de iluminação onde o proprietário do imóvel poderia providenciar iluminação para a calçada, ganhando algum desconto ou benefício fiscal. Já falamos sobre isso e como uma residência na própria Fernando Ferrari já faz isso, criando uma ilha de iluminação em meio à escuridão.



Construção de um bairro
Acho que com uma avenida mais verde, mais convidativa e mais iluminada, teria de tudo para ser o centro do bairro, admitindo inclusive espaços de convivência, o que criaria uma imagem de bairro para os moradores. O que hoje é identificada mais como uma via de passagem, poderia ser transformada em uma via estrutural do bairro. Isso poderia aproximar moradores e comerciantes, para talvez, no futuro, evoluir para alguma associação, que busca padronizar e valorizar a linguagem visual que o bairro tem. Acho que passa pelo município, mas os usuários são fundamentais nesse processo.
Muito interessantes os aspectos abordados. Realmente, a Fernando Ferrari merece mais atenção e iluminação.
Podia mesmo né, só uma iluminação e umas árvores já iam fazer a diferença. Obrigado pelo comentário!