No mês passado terminei de ler um livro, sobre apartamentos Duplex na história, e vi como esses projetos começaram com uma proposta de redução de custos, mas que ao mesmo tempo representava um novo jeito de morar e talvez até um novo jeito de distribuir as tarefas domésticas. A ideia era que o edifício tivesse unidades compactas, com menor taxa de circulação comum, mas que o serviço fosse feito como um hotel ou um flat, por uma equipe e não pelas mulheres das famílias. Curiosamente, o primeiro edifício de apartamentos duplex registrado já apareceu aqui no blog, quando escrevia sobre projetos e livros em um longínquo 2011.



De qualquer forma, o livro vai dispondo sobre como os apartamentos duplex foram mudando, mas sempre trazendo significados para a sociedade e para os moradores. Nos primeiros edifícios assim, o conceito era de unidades econômicas, mas que representassem também a arquitetura moderna, como as famosas Unité d’Habitation do mestre moderno Le Corbusier. Porém, aos poucos, essas unidades foram ganhando novos significados, como o que ocorre no icônico projeto de Álvaro Vital Brazil em São Paulo, o Edifício Esther. O edifício em si, construído no final dos anos 30, em uma zona que passava por modificações urbanas, representava a sociedade moderna da época, e as unidades foram ocupadas, segundo registros, por jovens empresários e figuras da cultura brasileira. É algo que hoje já está claro no mundo do marketing, as marcas tentam se identificar com o cliente, e o edifício Esther, com seu uso misto e arquitetura moderna representava um espírito moderno que atraía aqueles que queriam transparecer isso. Vestiram o edifício.
Esse é um bom exemplo do uso da arquitetura como “rebeldia”, como linguagem do que as pessoas querem representar em relação à sociedade. E isso acontece até hoje, quando as pessoas contratam um escritório ou adquirem um imóvel pelo que representam .Isso tudo me fez refletir sobre o que seria o novo morar moderno, ou o que representa essa “rebeldia” nos dias atuais.
Com relação à cidade, acho que o movimento de volta ao centro da cidade como os que ocorrem em São Paulo e Rio de Janeiro representa algo. São moradores que deliberadamente acreditam na cidade, escolhem morar em algum lugar que tenha serviços e atividade próximo, talvez aqueles que escolhem não ter carro e querem mais deslocamentos ativos (a pé ou de bicicleta) ou por transporte público. Um movimento pró densidade, capitaneado em uma boa parte por jovens, que muitas vezes escolhem serviços e densidade em troca de área, pois pagam o mesmo preço por um imóvel menor, mas melhor localizado.
Com relação a distribuição das unidades, nos apartamentos, temos como representante do novo morar moderno os ambientes integrados, a exclusão do sanitário e do dormitório de serviço. Afinal, hoje em dia é menos comum ter empregadas domésticas, e mais comum diaristas esporádicas, e está cada vez mais valorizado o hábito de cozinhar. As cozinhas e gourmet estão cada vez mais no centro do imóvel.
Dentro do nosso rol de projetos, fizemos no Residencial Monteiro Lobato alguns apartamentos duplex, que se esgotaram rápido. Ali, os apartamentos não tem banheiro de serviço, tem cozinha integrada e um escritório no pavimento superior, junto aos quartos. No Solar das Oliveiras fizemos um módulo social, onde fica a cozinha, churrasqueira, jantar e estar, tudo com uma ampla esquadria, que faz o espaço todo virar uma sacada.
Toda essa reflexão é por que queremos fazer projetos atuais, que atendam ao espírito da época, e que tenham flexibilidade para adaptação no futuro. Hoje vejo a necessidade de ambientes menores, devido ao custo, mas com amplas aberturas, para melhor ventilação e iluminação, com bom espaço de armazenamento (armários e depósito), com opção de área de lazer no edifício, como terraço, piscina, salão e academia, e principalmente bem posicionados na cidade.





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