Sou fascinado por arquitetura e suas implicações sociais, e tenho muito claro no meu propósito como arquiteto que a arquitetura só existe se existir usuário. Por isso defino muito do foco do meu trabalho, e que reflete no portfólio da LP arquitetos, na experiência do usuário, que na maioria das vezes é o ser humano.
Não acredito na arquitetura como manifestação artística de uma pessoa imposta à toda a sociedade. Temos vários exemplos de bons arquitetos que fazem projetos que parecem mais preocupados com a manifestação artística e plástica do que com a experiência diária dos usuários. Claro que algumas edificações de usos específicos precisam aparentar ou ter significados simbólicos, precisam representar fatos ou a sociedade, e isso faz parte da sua relação com o usuário. Diferente de edificações residenciais multifamiliares, um dos meus temas preferidos.
Tratando-se das edificações multifamiliares, não queremos um projeto que se destaque só por sua plasticidade, e sim pelo uso, pelo conforto e pela solução global de projeto, que vai proporcionar uma melhor experiência ao usuário. E isso se dá por um processo de melhoria contínua, seguimos aprendendo com o uso dos espaços e com os resultados dos projetos. Nós já falamos sobre como aprendemos com nossos projetos do residencial do Parque e Olavo Bilac.
Quando falamos em experiência do usuário nos multifamiliares, é para ela ser completa, desde do apartamento, no qual buscamos sempre privilegiar as melhores vistas, melhor relação com a área externa e a rua, passando pela melhor distribuição interna, que costuma dar um espaço otimizado ao usuário. Sobre vistas, já falamos e refletimos sobre as sacadas, se devem ser fechadas ou não, e a integração delas com a sala. Um detalhe que você pode notar nos nossos projetos, é que o peitoril de alvenaria jamais passa de 60 cm, pois não vamos sacrificar a experiência do usuário (com um peitoril sem vista para a rua/cidade) para termos um melhor efeito plástico. A prioridade é sempre da experiência do usuário.
No acesso dos edifícios, nos preocupamos em não ter todo ele fechado para a rua. Geralmente propomos um fechamento que entregue um pouco ao passeio público, mas que também proporcione percursos diferentes, onde a rampa às vezes é o caminho mais legal, e não uma obrigação. Gostamos também de propor canteiros com vegetação nas calçadas, cobrando isso do incorporador. Afinal, ali o usuário é toda a população que cruza o espaço em frente ao prédio, queremos sombra e conforto visual para os transeuntes.
Dentro da área técnica da edificação, sempre nos preocupamos com a manutenibilidade, deixando fácil acesso às instalações de splits, por exemplo. Precisamos aliar isso à estética da edificação, é claro, mas não vamos colocar uma instalação de difícil acesso somente pela estética.
Aqui na LP arquitetos também estamos buscando isso dentro de todo o processo de projeto. Estamos com uma sede nova, onde o cliente tem maior facilidade de acesso, maior conforto, pois vai se sentar no sofá da sala e ver a seu projeto ser apresentado com uma boa música e um bom café ou chá. Estamos no processo de melhoria contínua para que todo o processo, até a obra ficar pronta, seja a melhor experiência para o cliente.Entendemos que as pessoas, os clientes, querem entender e participar do caminho, tendo uma experiência que os leve ao resultado, e não quer que o resultado só se materialize na sua frente, sem entender os processos. A construção é coletiva.
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