Qual a diferença básica entre arquiteto e engenheiro?

Vamos falar sobre uma dúvida que confunde até mesmo alguns profissionais? Afinal, qual a diferença entre esses dois profissionais quando quero construir minha casa?

Bom, a confusão tem sentido, porque para uma obra residencial, por exemplo, os dois possuem atribuições muito parecidas, para não dizer praticamente iguais. Se tratando de uma casa, pela legislação, os dois podem fazer o projeto arquitetônico, estrutural, hidráulico e elétrico. E, ainda por cima, os dois podem ser responsáveis pela execução da obra. Vou tentar explicar as diferenças levando em conta o campo onde os dois profissionais mais se cruzam, como em projeto e execução de casas e edifícios. 

Vale lembrar que existem algumas atribuições que são bem próprias de cada profissão. O arquiteto, por exemplo, tem o urbanismo e o paisagismo como atribuições, que o engenheiro não possui, além de outras mais específicas, como restauro e arquitetura de interiores, por exemplo. Enquanto isso, o engenheiro tem outras atribuições como projetos estruturais, elétricos e hidrosanitários mais complexos, além de projeto de gás, que só os engenheiros podem fazer. Isso para ficarmos apenas na parte de construção civil, pois há vários outros ramos da Engenharia Civil também. Honestamente, não foco muito na diferença legal entre os dois, acho que o mais interessante é pegarmos as diferenças acadêmicas, de formação mesmo, elas ajudam muito mais para explicar a diferença entre esses profissionais.

Na faculdade de Arquitetura e Urbanismo existem cadeiras de desenho e projeto em todos os semestres, totalizando pelo menos 10 disciplinas de projeto de arquitetura, além dos projetos de paisagismo, interiores e urbanismo. Além disso, o currículo possui uma ampla abordagem em conceitos artísticos, e em teoria e história da arquitetura, que ajudam a desenvolver uma sensibilidade artística e estética maior, além de repertório de projeto. O currículo de arquitetura ainda possui disciplinas de conforto térmico, acústico, e lumínico, que abordam aspectos como luminosidade, insolação e outros fatores fundamentais para desenvolver o projeto arquitetônico. Ao mesmo tempo, as disciplinas técnicas de projetos complementares, como projeto elétrico, hidrossanitário e projeto de estruturas tem cadeiras reduzidas. Além disso, o contato com a obra durante toda a faculdade é menor, se levar em conta um curso de engenharia civil. 

Aqui alguns exemplos de como pensamos os projetos como o bau727, o Vinicius de Moraes e o Solar das Oliveiras.

Já no caso da Engenharia Civil, a abordagem é quase contrária, pelo menos aqui na UFSM. As disciplinas de projeto arquitetônico não ultrapassam duas, dando um conhecimento muito mais raso sobre projetos arquitetônicos. Porém as disciplinas técnicas são bem mais profundas e completas que as do curso de arquitetura.

Eu, Guilherme Schneider, como arquiteto, acredito que seremos muito bons se nos especializarmos em algum assunto. É muito difícil a pessoa ser boa em tudo, por isso acredito que devemos procurar os especialistas em cada área. Aqui na LP arquitetos fazemos o projeto arquitetônico completo, porém não achamos que temos a capacidade de fazer projeto de estruturas, elétricos e hidrosanitários. A gente marca os pontos de tomadas, luminárias, água e esgoto, mas o dimensionamento correto de fiação, tubulação, e toda a parte mais específica de projeto complementar deve ser feita por um profissional com experiência na área, normalmente um engenheiro – civil e eletricista. 

O mesmo ocorre com a execução civil de uma obra. A execução de uma obra é ser responsável para que os projetos sejam seguidos, tanto pelo o arquitetônico, como pelos projetos complementares. Isso exige experiência e lida com a obra. Não quer dizer que um arquiteto com mais experiência não consiga fazer, mas honestamente acho os engenheiros, de modo geral, mais preparados para essa função. 

Por outro lado, em relação ao projeto arquitetônico em si, por mais que o engenheiro tenha habilitação para tanto, é inegável que nós, arquitetos, temos uma formação, e portanto conhecimento, muito maior para esta função. Por isso mesmo o melhor é que projetos arquitetônicos de residências e edifícios sejam entregues a estes profissionais.

Em suma, no geral arquitetos fazem o projeto arquitetônico, engenheiros fazem os projetos complementares, e os dois têm boa capacidade de execução de obras de médio porte (residências), mas o engenheiro tem maior capacidade de obras mais complexas. Mas nada impede de ter arquiteto bom em complementares e engenheiro bom em projeto, só não é tão comum. Entendendo melhor as atribuições de cada um, mas principalmente a capacitação de cada profissional, todos saem ganhando, profissionais e clientes!

E ai, deu para entender um pouquinho melhor? 

Escrito por

Gaúcho, Santa Mariense, Arquiteto e Urbanista que um dia foi anarquista.

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