Planejamento urbano é algo a longo prazo, o município traça as diretrizes e espera que, com o tempo, as edificações vão se renovando, e as áreas públicas (que são as não edificadas) vão se definindo ao longo da cidade. As alterações mais comuns são os novos alinhamentos viários, que a cada nova edificação, e novos recuos, o leito viário futuro vai sendo desenhado.
Isso ficou mais evidente para mim na semana passada, quando foi removido o tapume do Edifício Castro Alves na Avenida Medianeira. O edifício Castro Alves fica em um terreno bem específico, com duas frentes, uma para a Gaspar Martins e outra para a Avenida Medianeira. Você pode ver mais sobre ele aqui no nosso site, que fala um pouco sobre o projeto.
O edifício está em fase de finalização e os passeios públicos estão sendo realizados. Pela Rua Gaspar Martins, chama a atenção o passeio feito com a paginação definida para o centro histórico, que possui um desenho com padrão losangonal em preto e branco. Chega a dar uma nostalgia (o preto é mais azul que preto né). Ali possuímos um bom recuo de jardim também, e com isso, ficou uma ampla calçada com espaço para 4 árvores nos canteiros. Assim, no futuro, a sombra será ampla e, junto com a vegetação do outro lado da rua, teremos um túnel verde na frente do lote.


Mas quero falar especificamente sobre o passeio que está sendo feito na Avenida Medianeira, onde foram removidos os tapumes. Ali, temos uma situação bem específica: naquele ponto, o lote possui um avanço no meio fio, que gera um estreitamento na avenida, algo que já existe há anos, e nesse avanço do passeio estão três árvores de grandes proporções, gigantes, e que marcam a paisagem de quem circula pela Medianeira. Não dá para saber quando o município vai ampliar a avenida ali, pois isso implicaria em remover três árvores de grande porte, mas pode ser que isso ocorra algum dia.
De qualquer forma, ao paginarmos a calçada, buscamos adequar o nosso passeio ao que existe no vizinho. Assim, quando – e se for feito – um futuro alargamento viário, as calçadas ficarão alinhadas, e o caminhe legal (já falamos sobre isso também) estará sendo atendido.
O mais legal, na minha opinião, é que aproveitamos para alinhar os canteiros futuros com os antigos, e vamos plantar árvores novas, que vão ficar nas sombras das árvores existentes. Isso vai permitir que elas se desenvolvam à sombra das árvores mães e, no futuro, se essas árvores existentes forem removidas, teremos árvores novas já em fase mais avançada, que poderão ocupar o espaço e já contribuir para a cidade.


Esse tipo de crescimento, na sombra da árvore mãe, é relatado no livro A vida secreta das árvores, que mostra como as árvores podem crescer mais resilientes quando estão na sombra das suas árvores mães, esperando a sua vez de ocupar o espaço ao sol e atingir sua vida adulta.
Isso tudo não custa quase nada para a obra, e pode trazer um impacto positivo para os transeuntes e consequentemente para a cidade. Ainda é pouco, mas me canso de ver edifícios novos com calçadas sem canteiros, sem árvores, atendendo a legislação, mas sem preocupação urbana mínima. Não podemos esperar que o poder público faça tudo, devemos fazer o possível para entregar mais para a cidade.
Finalizando, já falamos sobre como podemos arborizar a cidade através dos novos edifícios, e complemento dizendo que os arquitetos têm papel fundamental e obrigatório nisso, seja projetando, seja convencendo os incorporadores.
Bora lá