Esses dias estava acompanhando o fim da obra do Castro Alves e definindo as mudas que vamos plantar junto à via pública. Afinal, se você já leu este outro texto, já deve saber que a gente insiste em especificar e plantar árvores nos projetos que fazemos, e de preferência árvores que de fato façam a diferença, e não sejam somente ornamentais.
Como ocorreu uma que outra supressão de vegetação no lote durante a obra, a empresa contratada pela construtora para fazer o licenciamento ambiental dessa supressão já leva uma sugestão à prefeitura, para fazer a compensação, que não precisa ser no lote, mas melhor se for né. Ao enviar nossa sugestão de vegetação para utilizar o Jacarandá Mimoso no Castro Alves, os próprios engenheiros florestais da empresa contratada nos questionaram se tínhamos certeza que queríamos esta árvore, pois esse tipo de árvore pode interferir na fiação e tem um porte grande. A gente fez nossa justificativa, e manteve a decisão. Entendemos que a infraestrutura verde não deve ser a última, e sim estar em mesmo nível de importância que as outras infraestruturas. Além disso, segundo o livro “Arborização de Vias Públicas: Ambiente X Vegetação” da Nara Zamberlan e Italo Filippi, com algumas podas simples o Jacarandá e a fiação convivem em harmonia. No fim, depois lembrei que nem tem poste e fiação daquele lado da rua, somente o poste com transformador para o prédio..




De qualquer forma, isso me fez pensar como que, para fazer o plantio de vegetação na calçada, não existe uma orientação formal do município. A calçada é de responsabilidade do proprietário, ok, mas ela é uma área pública. Tanto que já existe uma padronização de desenho e tipo de piso para calçadas por via e bairro, então por que não ter um plano de arborização urbana também?
Ao pesquisar, percebi que várias cidades já possuem esse tipo de instrumento, e faz todo sentido. Cada um plantar o que quer na área pública, sem preocupação com fiação, calçada, sombra, fauna e até marcação visual da via, não tem sentido. Esse plano é fundamental para que tenhamos um planejamento de arborização que se estenda ao futuro da cidade, nem que seja para o lado da via que não tem fiação e postes.
Veja aqui o Plano de arborização urbana de Caxias do Sul
Um plano bem elaborado pode estar casado com o plano de padronização das calçadas, e de certa forma até permitir que as calçadas não sejam da mesma largura, dando preferência para uma largura maior no lado que se tem arborização, por exemplo. Ou ainda, fazer com que a arborização urbana seja um complemento ou um caminho até os parques, ciclovias, ou outros pontos atrativos da cidade, incentivando um deslocamento a pé ou de bicicleta.
Imagino que dentro das universidades aqui de Santa Maria já tenham alguns projetos desse tipo, e esse é um tipo de colaboração que tem tudo para funcionar bem, conhecimento técnico cedido ao município e aplicado na cidade pela sociedade. Já falei em outro texto que não podemos esperar o município e devemos plantar nossas árvores, mas uma diretriz técnica é fundamental, e pode resultar em um conjunto formidável. Não concordam?
E ai, será que dá?