Responsabilidade ambiental

Foto de Eduardo Ramos, tirada no evento no Diario de Santa Maria

No final de agosto, representando o Sinduscon de Santa Maria, fui ao Comitê do Meio Ambiente, iniciativa das maiores instituições de Santa Maria para tratarmos o tema com a seriedade que ele merece. Dentro da programação, nos avisaram que teríamos 3 minutos, e como representante preparei uma rápida fala a fim de contribuir para o debate.

Na foto tirada por Eduardo Ramos no evento no Auditório do Diario de Santa Maria.

A minha fala, representando o sindicado, foi sobre a responsabilidade do resíduo da construção civil. Na construção civil, dentro do licenciamento de obra, precisamos entregar uma série de documentos, entre eles um documento que indica o responsável pelo gerenciamento de resíduos, e além disso precisamos emitir uma Anotação de Responsabilidade Técnica para o gerenciamento de resíduos. Ou seja, precisamos ter alguém responsável pelo gerenciamento.

Não acho que a construção civil seja um exemplo, afinal geramos muito resíduo por metro quadrado, com estimativas que variam de 100 kg até 300 kg por metro quadrado construído. Ainda estamos atrasados em industrializar profundamente a construção civil, mas a responsabilização faz com que tenhamos que destinar o resíduo para o local adequado. E talvez esse seja o ponto a se trabalhar com todo o resíduo e com todo o gerador.

Hoje, no resíduo doméstico e até de pequenas empresas, nós simplesmente descartamos como queremos na lixeira, em sacolas muitas vezes frágeis, ou sem sacola mesmo. Aí depois disso o “problema não é mais nosso”, passamos a responsabilidade para um sistema que não funciona direito, custa muito para toda sociedade e desperdiça recursos. 

Claramente esse sistema de coleta não está funcionando.

Um exemplo de uma cultura completamente contrária a essa lógica é a do Japão, onde você é responsável pelo seu resíduo, inclusive pagando pelo resíduo gerado, e se não separar ele adequadamente é pior. Você deve pensar que é um absurdo pagar por esse resíduo. Mas a verdade é que hoje a gente já paga, e por um sistema ineficiente, você só não vê o valor saindo. O município cobra no IPTU uma taxa de coleta (que no geral não cobre o valor total) e complementam o valor com recursos próprios, ou seja, todos pagamos através dos recursos do município.

Se formos responsabilizados por isso mais diretamente, ou por condomínio ou por indivíduo, a chance de separarmos, acomodarmos e destinarmos melhor, vai ser muito maior.  Talvez devêssemos ter espaços destinados nos edifícios, com um manual de como armazenar para que a coleta seja melhor e mais eficiente, dando um pouco mais de responsabilidade para o gerador de resíduo. 

É claro que os problemas são quase sempre multifatoriais, e que não existe uma única solução que vai acabar com um problema tão complexo como esse. Com certeza precisamos atacar em várias frentes, precisamos ter educação e cultura ambiental adequada, de uma coleta que faça mais sentido, e principalmente uma destinação certa. Mas por outro lado, isentar da responsabilidade os geradores domésticos me parece um erro, o lixo, o resíduo, é um problema de todos, e todos precisam se responsabilizar por isso. 

Foto de capa do Fotográfo Eduardo Ramos, tirada no evento no Diario de Santa Maria

Escrito por

Gaúcho, Santa Mariense, Arquiteto e Urbanista que um dia foi anarquista.

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