Já falei na semana passada sobre como, durante a pandemia, parei a academia e comecei a correr, e de como é difícil achar espaços para correr em Santa Maria. Falei no último post como a minha busca me levou ao Parque da Cacism e como ele pode ser um espaço de lazer do futuro na região central de Santa Maria.
Outro local que tem um potencial parecido e que tenho gostado de ir correr é em Camobi. O principal ponto é que a região toda é bem plana e as rodovias têm bastante espaço para corredores e ciclistas. Além disso, a Avenida Roraima tem uma pequena ciclovia que convida à caminhada e à pedalada. Mas a Roraima não é só isso, ela tem uma amplo espaço no seu entorno, possivelmente reservado a um alargamento viário, ou simplesmente áreas livres. E é desse espaço que quero falar sobre, e suas possibilidades para o futuro da nossa cidade.
Pois bem, todos sabemos do potencial da UFSM como parque, e como ela é um equipamento que vinha sendo muito utilizado por toda a sociedade – mas com a pandemia e a redução de custos da instituição, encontra-se fechada para uso desde março de 2020. Dentro da UFSM existem áreas de gramado, vegetações de diversos portes, pista multiuso, que por sinal é sensacional, pois quebra o paradigma de que a ciclovia precisa estar ligada ao fluxo do carro, é maravilhosa! Mas acho que podemos pensar em trazer um pouco disso para “fora do campus”, estendendo a noção de parque para a Roraima.
A área da Roraima já tem algumas árvores que proporcionam sombras, um gramado irregular e está livre para ser ocupada de diversas maneiras. Pode parecer pouco, mas com os 10 ou 20 metros que tem em cada lado é possível fazer uma série de atividades que mudaria o padrão da Avenida e da região. Poderíamos ter bolsões de espaço de estar com bancos, espaços com pracinha infantil e aumentar a vegetação. A conexão entre os quatro lados poderia ser melhorada, com faixas de pedestres elevadas e espaços de preferência aos pedestres, como que uma troca de uso do espaço, ao invés do carro cortar o espaço, as praças cortariam a avenida.


O ideal seria dar um projeto e um uso logo, talvez incentivando as edificações que tem frente para aquele espaço que explorem isso comercialmente. Hoje já existe uma feira que ocupa a quadra entre a Faixa Nova e a Faixa Velha, duas vezes por semana, porém de uma maneira um pouco desordenada – as barracas dos feirantes ocupam a grama até o limite da calçada, o que empurra os pedestres e estreita o fluxo, quase jogando os pedestres para a rua. Já são iniciativas bem importantes para ocupar o espaço, mas poderiam ser melhoradas, garantindo o lugar para a feira e o trânsito adequado de pedestres.
Outro detalhe que deve ser cuidado é que já existem residências que estão criando garagens para esta área entre os lotes e a avenida e, consequentemente, criando ruas informais neste espaço. Isso pode minar a ocupação por pedestres e acabar criando mais uma rua, ainda que informal, onde já existem quatro pistas de veículos. Acho uma lástima como quase todo o espaço público acaba ocupado por ruas e estacionamentos, devemos priorizar um pouco mais os pedestres;
Em suma, acredito que o Bairro do Camobi carece um pouco de centralidade, temos as avenidas como distribuidor de atividades, e a Roraima poderia ser um novo centro, estruturado a partir de uma área de lazer linear, um parque linear que liga a universidade ao bairro. E olhando aquele espaço, é impossível não lembrar das ideias de Jane Jacobs, que não queria parques isolados, mas sim calçadas largas onde as atividades de parques fossem desenvolvidas entre as ruas e as casas, como um calçadão de 15 metros, o qual poderia ser construído ali mesmo, nas laterais da Avenida Roraima.