Completando nossas coletâneas especiais do Rio de Janeiro, segue aqui a coletânea de Abril.
Coletânea Abril 2019
Ipanema Leblon e Lagoa
Falando em Zona Sul carioca, logo pensamos em Ipanema e Copacabana. Ipanema é um bairro relativamente novo, sua ocupação mais densa só começou na década de 60, quando Copacabana já era explorada e estava mais consolidada. Isso reflete muito na arquitetura da região, vários prédios com linguagem modernista estão espalhados na área de Ipanema, enquanto outros prédios, com um visual um pouco mais pós-modernos, se estendem pelo entorno da lagoa (ocupação ainda mais tardia). Um dos destaques históricos desta região da Lagoa, além do Jardim Botânico, é claro, é o Parque Lage, que um dia foi o palacete dos donos daquelas terras e hoje ter um ar de ruína em ocupação, aos pés do corcovado (aliás, dali saem trilhas para chegar ao cristo a pé). Outro destaque da Zona Sul, em especial Ipanema e Leblon, é o uso das edificações, que possui alta densidade habitacional, muito comércio de rua e calçadas largas, transformando a região em um espaço agradável de caminhar, seja de dia em direção à lagoa ou à praia, ou de noite, em busca de um bar da agitada noite de Ipanema.
Orla de Copacabana
Copacabana dispensa histórico e apresentação, então vamos ver se conseguimos explorar um pouco mais sobre a praia mais famosa do Brasil. Já notou que em todos os 4 km de extensão da praia as edificações são contínuas? Quando a gente fala em contínuas, estamos nos referindo à constância em altura e ao recuo lateral, que é inexistente. Isso faz com que a praia toda tenha uma linearidade, uma continuidade urbana, algo como uma montanha, um fundo de palco para a praia e os calçadões com paisagismo de Roberto Burle Marx, os verdadeiros protagonistas. Isso, de certa forma, atribui a ideia de conjunto como predominante, deixando as edificações em si com certa discrição. Em sua maioria, uma não é maior ou mais chamativa que a outra, com exceções como o Copacabana Palace, o clássico hotel em frente à praia. Vai lá, na próxima vez, ao sair do Forte de Copacabana, experimente sentar em um quiosque da praia virado para a cidade, e permita-se observar como as edificações são de grandes proporções, mas contínuas e discretas ao mesmo tempo.
Parque do Flamengo e MAM
Chegando mais para o centro temos o bairro Flamengo, e o que seria do Flamengo sem o Aterro do Flamengo. O aterro é uma obra urbana quase impensável de ser realizada nos dias de hoje (até por conta do seu impacto ambiental). Elepossui mais de 1 milhão de metros quadrados e duas vias de trânsito, com 4 pistas cada uma, que ligam a Zona Sul, a partir do Botafogo, com o centro. Além da estrutura física de impressionar, o Parque é tão grande que possui uma área com Marina, área com quadras de esportes, e muita praia. Ali também fica o Monumento aos Mortos da II Guerra Mundial. O projeto do Parque é multidisciplinar, envolvendo nomes reconhecidos como a arquiteta Lota Macedo Soares, o arquiteto Eduardo Affonso Reidy e o paisagista e artista Roberto Burle Marx. A pedra portuguesa dá o tom, junto com as passarelas que dançam sobre a avenida, permitindo a travessia por rampa, de bicicleta ou a pé, sem escadas. É no Parque também que fica o Museu de Arte Moderna do Rio, projetado por Reidy, importante nome da arquitetura moderna carioca e brasileira.
Opinião: Arq. e Urb. Guilherme Schneider
“Vale a pena visitar o MAM, projetado em 1952, foi um dos primeiros projetos de grande proporção feito em concreto aparente. Sua “nave” principal flutua em pilares em “V” criando um amplo espaço aberto e coberto no térreo, que libera a visual da paisagem natural carioca. É neste vão livre que se encontra o acesso principal do museu. Os pilares criam um ritmo e evidenciam a solução estrutural, além de, combinados a uma laje proeminente no pavimento superior, criarem uma proteção solar para as salas de exposição do museu. O mais curioso é que o uso do concreto aparente nessa escala e proporção acaba sendo uma das marcas da linguagem da arquitetura da escola Paulista, mas encaixa-se perfeitamente no Aterro do Flamengo.”
Paisagem natural
Falamos da cidade e da arquitetura carioca nessas últimas coletâneas, mas impossível não notar, estando na capital fluminense, a paisagem natural da cidade. Os morros, as pedras, as praias que criam cenários e deslumbram turistas do mundo todo que visitam a cidade. De certa forma boa parte da arquitetura carioca reflete o local, a paisagem na qual está inserida. As amplas janelas voltadas paras as vistas impressionantes, os azulejos que adornam painéis e que por vezes até temática marinha possuem, além da leveza de cores e linhas, complementam a paisagem natural carioca. Talvez a escola de Belas Artes ali implantada a partir de 1816, oriunda da Missão Artística Francesa, tenha influenciado a conexão entre artistas, aumentando a influência e sensibilidade na arquitetura. Esperamos ter contribuído para sua próxima ida ao Rio de Janeiro!
Playlist
A gente começou o ano cedo, mas é sempre depois do carnaval que ele engrena de verdade. Então aqui vai nossa playlist para ter um bom foco durante o trabalho. Sala 54 – Nice foco