
A partir do dia 22 de outubro, até o dia 3 de novembro, a cidade de Santa Maria, em uma parceria do sistema SESC/Fecomércio com a Prefeitura Municipal de Santa Maria, recebe a mostra Casa Saúde. A mostra é composta por um pavilhão de 300 m² com uma estrutura de pilares metálicos e lonas, possuindo também uma estrutura de madeira que simula uma residência. A programação que envolve a edificação é excelente, possui espaço e atendentes para tirar dúvidas, possibilidade de fazer exames, medir pressão, um local para palestras (com agenda quase todos os dias) e espaço para gestante.
Entre outros espaços e atividades, o grande diferencial é o espaço que simula uma residência, no qual são passadas orientações de saúde e higiene em ambientes montados como quarto, sala, cozinha e outros. É uma ação direta, que passa instruções que são fundamentais e podem ser decisivas na hora de antecipar uma doença ou um problema, isso é rica fonte de instrução e informação. Mas o problema reside na implantação da edificação.
A edificação temporária está localizada no centro da mais importante praça da cidade, a Saldanha Marinho. Entre todas as funções que uma praça exerce, a Saldanha Marinho é um grande ponto de passagem de pessoas, ligações entre um lado do centro e o outro, como o acesso ao calçadão para quem acessa o mesmo pelo leste. Isso sem contar que na praça reside o teatro municipal, a administração municipal, o banco e outros atrativos que possuem um fluxo de acesso considerável. Em suma, a praça dá acesso e circulação a edificações de grande importância, dando ainda uma continuidade do calçadão ou para ele, uma espécie de largo depois do afunilado calçadão.

A conformação da praça, com canteiros médios que criam espaços de circulação e de descanso, permitem quase que uma brincadeira, na qual o transeunte tem mais de uma possibilidade de fluxo. O ponto central da praça é o coreto, tendo também como atrativo o chafariz e uma espécie de palco para apresentações. Quem caminha por ela sabe os fluxos que ali ocorrem, e sabe que são praticamente por toda ela. Levando em conta os pontos de travessia das ruas, as faixas e pedestres, temos um esquema de fluxo parecido com isso:

A praça, pela sua localização central, tem um histórico de ocupações por instalações itinerantes, ali acontecem anualmente a Feira do Livro, algumas edições do Macondo Circus e outros. Porém esses eventos acabam preservando as circulações, com dificuldade, mas mantendo o fluxo da praça e dando possibilidade de quem circula interagir com o evento. No entanto, o evento citado no começo deste texto, a Mostra Casa Saúde, é apenas uma edificação retangular no meio da praça, com uma abertura em direção a Rua Venâncio Aires.

A edificação é um trambolho, atrapalha e estrangula fluxos, tem seu acesso apenas pela lateral voltada à Rua Venâncio Aires, além de não interagir com os elementos que fazem parte da história da praça. Ela se amontoa no coreto, como se estivesse escorado nele, negando o mesmo, o restante da praça e as edificações do entorno, que dão frente para a praça, cria cantos sem saída, além da anular a possibilidade de utilização de alguns bancos.







Um dos principais pontos afetados é o fluxo entre o calçadão e a Venâncio Aires, onde o único percurso possível, a partir da inserção deste equipamento, acaba sendo pelo desnível que leva ao palco da praça. O pedestre, quando ingressa na praça, acredita que tem passagem e segue o seu fluxo normal, porém aos poucos a edificação vai empurrando e encaminhando ele até o ponto de passagem naquele trecho, as escadas, que naquela hora é a única opção, pois fazer toda volta não faz sentido. O problema é que isso acontece com todos, crianças, idosos, pessoas que tem dificuldade de locomoção, isso tudo em uma escada que não está ali para essa atividade, nem corrimão naquele trecho ela tem.




Quero deixar claro que apoio e acho importante programas assim, porém não é por isso que devemos fechar os olhos para equívocos em espaços públicos. A edificação poderia ser dividia em duas, uma com cada etapa e quem sabe ocupar pontos diferentes da praça, abrindo para dois lado e permitindo fluxos variados. Acredito que um profissional com uma planta da praça e do equipamento proposto, jamais o colocaria daquele jeito. Ou ia sugerir outro local, como o largo da gare, ou, como já foi mencionado, ia optar por fragmentar a edificação.
Chego a várias conclusões, mas duas mais importantes. A primeira é que intervenções precisam ser estudadas e ter projetos aprovados, com arquitetos de ambos os lados, aprovando o projeto pela prefeitura e fazendo o projeto pelo SESC, no caso. E a segunda é que as pessoas que produziram, autorizaram e foram na inauguração, tanto da entidade promotora do evento, como da prefeitura, não utilizam e nem circulam pela praça. Três minutos dando uma volta na praça são suficientes para perceber como a implantação da Casa da Saúde ficou mal resolvida. É uma simples falta de percepção e fiscalização.
Para maiores informações sobre a mostra, acesse o link: http://www.santamaria.rs.gov.br/gabinete/noticias/7402-mostra-casa-da-saude-sesc-abre-as-portas-a-comunidade-santamariense-prevencao-servicos-e-qualidade-de-vida-ate-3-de-novembro