Na procura por bibliografias que enriqueçam nossos estudos e projetos de edificações, encontramos um livro com referências projetuais interessantes. O livro “Os + Importantes Conjuntos Habitacionais do Século XX – Plantas, Cortes e Elevações” de Hilary French pela BookMan® possui breves análises com plantas, cortes, elevações e fotos de 87 edificações.

O livro possui um andamento histórico começando com os Edifícios Peabody, de 1905, que fica em Londres, e encerra com o Conjunto Residencial Carabanchel 16 , que fica em Madri e foi construído em 2007.O livro é dividido em 5 Capítulos, “As Novas Formas Urbanas”, “O Modernismo Europeu”, O Modernismo Pós Guerra”, “As Alternativas”, “O Pós Modernismo” e por fim “As interpretações contemporâneas”. Dessa maneiro, o livro é uma boa fonte histórica e técnica, nele podemos analisar até a evolução dos compartimentos dos apartamentos, com diferentes soluções para diferentes situações e culturas. Vou colocar algumas edificações aqui para registro e valorização das mesmas, uma maneria de cultivar as que possuem um conjunto de soluções ou ideias que podem contribuir para projetos futuros.
A primeira edificação é Os Apartamentos da Rua Franklin, de 1903.

Projetista: Auguste Perret(1874 – 1954)
Local –Rua Benjamin Franklin, Paris, França
A edificação é um dos primeiros estudos em concreto armado de Perret e é classificado por Sigfried Giedion como o primeiro exemplo de planta “livre” ou flexível na arquitetura. French analisa:“É significativo que ele seja uma reinterpretação do edifício parisiense construído até as divisas laterais. A parede externa, que parece ser de alvenaria portante perfurada por janelas, desaparece no nível da rua para ser substituída por vidraças e um terraço na cobertura. A forma em “U” da planta baixa, côncava em direção a rua, transfere o pátio interno ou poço de luz para a frente do edifício e torna possível uma relação visual entre os diferentes cômodos de um apartamento.”
O apartamento possui apenas 1 dormitório, com uma integração dos compartimentos, que permite contato entre o compartimento de jantar e estar com o dormitório. O apartamento ainda possui dois balcões para a rua e no sétimo pavimento a edificação recua e cria um terraço em toda a extensão da edificação. No nono pavimento a edificação recua novamente e cria um terraço em um andar com uso curioso para os dias de hoje, dormitório para empregados.
Nesse aspecto a edificação possui mais uma curiosidade, são duas circulações verticais próximas uma da outra, sendo uma social, que dá acesso ao vestíbulo dos apartamentos, e outra de serviço, que dá acesso direto até a cozinha de todos os apartamentos e ao nono pavimento, com os dormitórios para empregados. Estas características demonstram bem a realidade sócio-cultural do período. Ainda um trecho do
livro descreve mais uns detalhes que transformam a edificação em ícone.
“O projeto dos apartamentos – pés –direitos altos, grandes vidraças, balcões e terraços de cobertura – são todos fatores em um novo modo de pensar sobre viver em apartamentos, mudando o foco do interior para a luz e o espaço do exterior.”

Fonte: O livro
Se for a Paris não deixe de visitar, fica pertinho da Torre Eifel –http://maps.google.com.br/maps/place?cid=901982461923164469&q=Rue+Franklin+Apartments,+paris,+france&hl=pt-BR&ved=0CF0Q-gswAA&sa=X&ei=zaY2TtPMO4TyywT3obGCCA&sig2=AL5wPPfM2YdsWa3F6–01w
Aproveie o Link e veja no Google Street View a edificação, percebe-se bem a relação da sua Planta em “U” com as edificações de entorno. Vale conferir.
Mais informações e Fotografias:
http://www.greatbuildings.com/buildings/Rue_Franklin_Apartments.html
http://thaa2.wordpress.com/2009/07/23/auguste-perret-e-o-edificio-da-rue-franklin/